27 de julho de 2011

A confirmação dos fatos

A minha intenção é escrever textos com temas variados, porém desta vez não posso perder a oportunidade de complementar o raciocínio da minha última postagem. Isso porque naquele texto falei da relação entre o mercado e a terceira idade e por coincidência, naquela mesma semana foi exibida, no Jornal da Record*, uma reportagem sobre as pessoas com mais de 60 anos que ainda dirigem seus caros, cotidianamente, para realizar atividades diversas. Esta foi, só neste ano, a terceira matéria sobre o crescimento no número de pessoas da terceira idade que dirigem. Outras duas foram exibidas na Globo**.

Estas matérias oportunamente expuseram a realidade a qual me referi naquele texto. Assim sendo pergunto: você já viu alguma propaganda dizendo que o carro X,Y ou Z foi feito "pensando" no conforto dos motoristas e passageiros da terceira idade?

Que nada!! Na maioria das vezes os atores (das propagandas) são jovens cheios de vitalidade e principalmente.... de flexibilidade. Por vezes vemos motoristas mais maduros, porém são os jovens senhores com idade entre 40 e 50 anos. Nunca vi, uma propaganda com uma senhora no seu papel de "taxi vó" (como diz uma senhora amiga minha).

Ao mesmo tempo foi noticiado com ênfase o aniversário do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que completou 80 anos, no dia 18 de junho. É isso mesmo, ele já faz parte da terceira idade há 20 anos.

Agora puxe pela memória....... você ouviu alguém falar, naquela ocasião: "o novo Presidente do Brasil é um Idoso!" Pois é, ao tomar posse como Presidente, Fernando Henrique Cardoso estava com 63 anos e começando em uma nova atividade, na sua carreira profissional, que não requer detalhamento da sua complexidade. Ah!! Ele foi reeleito, lembra??? E nossa! Ao assumir o segundo mandato já estava com 67 anos e se tornou um setentão antes mesmo do término do seu governo.

Estes foram dois fatos que "caíram como uma luva", pois comprovaram que muitas pessoas, com mais de 60 anos, continuam sua vida ativa e por isso mesmo, continuam sendo consumidores por vários anos.

Foi então que tive uma ideia: fazer uma pesquisa na internet em busca de outras pessoas com mais de 60 anos que fazem parte do nosso cotidiano cultural, político e social. Na verdade uma forma de demonstrar para as empresas que os consumidores com mais de 60 anos são uma realidade e que merecem atenção.

Alguns nomes que encontrei foram:


Roberto Medina e Serginho Groisman 61 anos;

Guido Mantega e Djavan 62 anos;

Hellen Gracie e Marília Gabriela 63 anos;

Emerson Fittipaldi e Bill Clinton 64 anos;

Marco Aurélio Mello e Heródoto Barbeiro 65 anos;

Eric Clapton 66 anos;

Catherine Deneuve 67 anos;

Dráuzio Varella 68 anos;

Paul McCartney 69 anos;

João Ubaldo Ribeiro e Fernando Gabeira 70 anos;

João Carlos Martins e Sérgio Reis 71 anos;

Carolina Herrera e Francis Ford Coppola 72 anos;

Jô Soares 73 anos;

Silvio Berlusconi e Jack Nicholson 74 anos;

Maurício de Souza e Tales Castelo Branco 75 anos;

Juca de Oliveira 76 anos

Milton Gonçalves 77 anos;

Ziraldo 78 anos;

Umberto Eco 79 anos;

Silvio Santos e João Gilberto 80 anos;

José Sarney e Fernanda Montenegro 81 anos;

Adib Jatene e Hebe Camargo 82 anos;

Delfim Netto 83 anos.

Pois é, creio que para bom entendedor "pingo é letra" e fico feliz ao notar que os meios de comunicação em massa, cada vez mais, colocam a "terceira idade" na pauta dos noticiários, abordando esta fase da vida. Isso demonstra que aos poucos a sociedade está tomando consciência de que é necessário estar atento aos mais de 20 milhões de brasileiros idosos. (segundo o censo de 2010)

Mas, o que ninguém percebe é que há muito tempo, várias pessoas, com mais de 60 anos, são notícia quase que diariamente, mas devido aos seus feitos ou importância não nos damos conta de que aquela pessoa é idosa.


Até a próxima.

14 de junho de 2011

Empresas x Terceira idade

Por que há tanta diferença na forma como o mercado de bens e serviços trata os consumidores das diversas faixas etárias

Sabemos que ao nascer um bebê já vem acompanhado de um "valor como consumidor" e mesmo que os anos passem ele continuará sendo assediado por inúmeras empresas de bens e serviços.

O que vemos então é que no decorrer dos anos as crianças passam à adolescentes e neste momento um grupo de empresas está atento e ansioso, esperando este novo consumidor, ávido por produtos e serviços voltados a ele. Os anos continuam passando e aquilo que encantava o adolescente passa a não ser mais tão interessante e surge então um novo leque de produtos voltados aos adultos nas suas diversas fases ("jovem-adulto", adulto e "jovem-senhor").

Pois é... as empresas investem tempo além de milhões e milhões para conquistar e fidelizar clientes. Criam produtos, serviços, espaços de venda planejados, treinam equipes e tudo mais que for necessário para atingir seus objetivos.

Aí pergunto... por que estas empresas "jogam fora" todo o dinheiro investido, durante anos e anos, nestes consumidores? É isso mesmo!! De repente os "jovens-senhores" de 50 anos passam a integrar o grupo da terceira idade então as empresas aparentemente os esquecem e pior, também esquecem que investiram muito dinheiro nestas mesmas pessoas durante anos!!!

Parece também que desconhecem dados como o número de pessoas ativas com mais de 60 anos e o avanço na expectativa de vida e longevidade dos brasileiros. Investir em um cliente com 60 anos hoje pode garantir o faturamento por mais 5, 10 ou 20 anos, é o mesmo raciocínio que a empresa fez quando este cliente tinha apenas 40 anos: projetou o seu faturamento para os 5, 10 ou 20 anos seguintes.

A vantagem é que o cliente da terceira idade é mais consciente e menos impulsivo no momento do consumo. Ele busca segurança no fornecedor e não o troca facilmente, quando se sente satisfeito. Isso significa que depois de conquista-lo o esforço (tempo e dinheiro) empregado para mantê-lo é menor, o que sabidamente é o oposto do que ocorre com os consumidores jovens que são altamente volúveis, "dançam conforme a música sem se importar onde ela toca!!!"

Pois é....é mais barato manter um cliente da terceira idade do que um cliente jovem...... Outro detalhe importante é que a pessoa mais velha recomenda aos amigos a empresa na qual confia, e melhor ainda é que esta recomendação geralmente reverte em um novo cliente para a indicada.

Para demonstrar a minha incompreensão com a pouca atenção dada ao consumidor da terceira idade, destaquei o seguinte trecho de uma matéria do site Brasil Econômico*: "Uma pesquisa recente da GfK Brasil mostrou que os idosos já representam 17% do poder de compra no país. Além disso, 88% dos brasileiros acima de 60 anos possuem renda própria, segundo a empresa de pesquisa. Outro levantamento, feito pelo IBGE, aponta, segundo a GfK, que em 2020 as pessoas com idade acima de 50 anos representarão 18 milhões de consumidores no País, com renda total de R$ 25 bilhões. Hoje, essa faixa etária corresponde a 43% da classe de renda mais alta (acima de dez salários mínimos). No total da população, são 23% e costumam ir mais vezes às compras."

Como compreender então por que as empresas "descartam" 43% da classe de renda mais alta do país? Ou que os 23% da população brasileira não seja visto como um número significativo de consumidores? Ah, não esqueça!! Estas pessoas com mais de 60 anos hoje são as mesmas em que tanto se investiu há 5, 10, 20, 30, anos atrás, quando eram jovens.

Parece que diante de um consumidor de 60 anos, os empresários pensam: "até aqui eu fiz tudo para conquistá-lo, porém a partir de agora não me interessa mais investir tempo e dinheiro para criar algo que o agrade e o fidelize a nós!!!"

Você pode até achar que estou exagerando mas..... pare e pense......você é capaz de fazer uma lista com produtos e/ou serviços, especificamente pensados, planejados e implantados para a terceira idade, oferecidos pelas empresas com as quais você mantem relacionamento?

Nós, consumidores de bens e serviços, somos testemunhas de que as empresas, para este cliente, simplesmente cumpre a lei.... oferecendo atendimento preferencial. Há!! Algumas também disponibilizam cadeiras para que o cliente espere sentado!!! Nossa, a cadeira não está na lei, quanta gentileza!!!

Será que os empresários pensam que ser da terceira idade faz com que a pessoa não precise mais:

Comer: e para tal ir a mercados, restaurantes, lanchonetes, mercearias;
Vestir-se e usar sapato: e para isso ir às lojas, shoppings;
Cuidar da saúde: para isso ir a laboratórios, hospitais, clínicas, dentistas, posto de saúde, farmácias;
Se locomover: para isso utilizar taxi, metro, ônibus, andar a pé ou de carro próprio (exigindo a ida a postos de gasolina);
Se relacionar: para isso utilizar telefone e internet;
De dinheiro: para isso ir ao banco, financiadoras, casas de câmbio;
Cuidar da casa e fazer manutenção da mesma: para isso adquirir produtos e equipamentos de limpeza, materiais para manutenção e recorrer a profissionais diversos;
Se manter informado: para isso assistir televisão, escutar rádio, ler revistas e jornais, acompanhar notícias pela internet;
Se exercitar: para isso utilizar áreas públicas, clubes, academias;
Manter a vaidade: para isso utilizar os mais diversos serviços como: cabeleireiro, barbeiro, manicure além de cremes, maquiagem, roupas e acessórios;
Se divertir: para isso utilizar aeroportos, rodoviárias, agências de viagens, hotéis, restaurantes, teatros, cinema, casa de shows, shopping e etc.

Então!!! Se as pessoas com mais de 60 anos possuem as mesmas necessidades que as demais, com menos idade, por que não oferecer a eles o melhor possível, um serviço ou produto diferenciado e adequado?

Cabe à "turma da terceira idade" sinalizar as suas necessidades e não se acomodar diante daquilo que é oferecido. É o mercado que deve ser adaptar ao consumidor e não o consumidor ao mercado.

Mas sejamos realistas, se as pessoas mais velhas não manifestarem descontentamento ou se elas não apontarem o que precisa ser melhorado este processo será muito mais lento. Se não houver manifestação por parte da terceira idade poderemos nos deparar com argumentos convenientemente comodistas: "Ah! ninguém reclamou então achei que estava bom!"

Boa noite!!

*A matéria foi postada no dia 02/07/2010 e pode ser lida na íntegra no link: http://mobile.brasileconomico.com.br/noticias/potencial-do-novo-idoso-e-pouco-aproveitado-no-consumo_86143.html

Se você tem dúvida sobre o tema ou alguma história para contar, faça via comentário ou mesmo por e-mail: idosoecotidiano@gmail.com 

31 de maio de 2011

A urbanização e o dia-a-dia da terceira idade

Hoje quando cheguei à casa do meu pai me surpreendi com um terreno vazio logo na esquina. Lá, durante anos e anos, foi um açougue. Ao lado era uma lojinha "tem tudo" e do outro lado o bar do Seu Zé. Nem sei se o nome dele era esse, mas ele sempre foi chamado assim, por todos. Foi uma sensação estranha de perda de referências e de parte da história da minha vida.

A mudança pela qual as cidades estão passando, principalmente os grandes centros urbanos, tem atingido, "em cheio", a vida das pessoas da terceira idade.

Quanto mais velha é a pessoa, mais importante é o local em que ela mora. É nele que estão os laços afetivos, cultivados durante anos.

O fechamento de um pequeno comércio não significa somente a necessidade de buscar outro lugar para comprar o mesmo tipo de mercadoria. Significa também a ruptura no convívio cotidiano com as pessoas que lá trabalhavam, o fim de um ponto de encontro com outros moradores, o fim de uma atividade prazerosa do dia-a-dia, e o fim da "fonte de informações da vida alheia".... também conhecida como "fofoca do bairro", adorada por alguns.

Saber quem é a pessoa que estará atrás do balcão, ser recebido pelo jornaleiro que o chama pelo nome, ser avisado pelo padeiro que o pão naquele dia está do jeito que gosta, o barbeiro que conhece o corte do cabelo, a manicure que é a "psicóloga" semanal é extremamente aconchegante. São estes profissionais e suas atitudes que trazem à pessoa a sensação de segurança e conforto. E convenhamos....não há como criar o mesmo grau de relacionamento com, por exemplo, o atendente de um supermercado. E se você estiver sem carteira então? Eles nem sabem o que é a tal caderneta!!! Ou paga ou não leva...nem pensar em pagar na semana que vem......

Além das pessoas com que se mantém um relacionamento, mesmo que silencioso, sem muita conversa, há também a ligação afetiva ao local propriamente dito. Saber onde mora ou morou tal pessoa, lembrar dos eventos na praça, o cinema onde se viu filmes famosos, e tantos outros lugares que possuem sua história e carregam a memória de anos.

Com o aumento populacional contínuo, o número de habitações necessárias se torna maior. Em um terreno onde se encontravam 5 ou 8 casas (residenciais e/ou comerciais) de bom tamanho é possível construir uma torre com 15 andares e 4 apartamentos por andar. Ou seja, este mesmo espaço passa a abrigar pelo menos 60 famílias.

Em busca de uma melhor qualidade de vida, as pessoas preferem morar em bairros, onde há melhor oferta de: trabalho, comércio, serviços, transporte, instituições de ensino e de saúde. Estas pessoas tentam evitar locais distantes, fugindo assim do trânsito e da violência (que é maior na periferia). Ou seja, quanto mais caótica fica a situação de uma cidade, maior é a procura por moradia nas áreas "mais nobres".

Ironicamente quanto maior é o caos em uma cidade, maior é o lucro das construtoras com os empreendimentos lançados nestas regiões. Esta preferência por bairros com melhor infra-estrutura é também aplicada aos prédios comerciais.

Visando atender a este crescente mercado, as construtoras compram imóveis residenciais e/ou comerciais e os "levam ao chão" em dias, logo depois é colocam um tapume e uma placa "breve lançamento!!" Passados alguns anos lá está um belo prédio residencial ou comercial, quando não um shopping....

As referências vão, desta forma, desaparecendo aos poucos... não há mais os "amigos comerciantes" para conversar e relembrar as histórias do bairro, acaba a compra na caderneta, não há mais os filhos dos moradores e comerciantes brincando juntos na rua, sem preconceito!!!! A casa da D.Maria, do Seu João, e de tantos outros não está mais lá, nem eles.... para onde se mudaram?

Estes mesmos sentimentos de perda surgem quando a pessoa mais velha é obrigada a mudar de endereço, indo para um local distante daquele em que sempre ou quase sempre morou. Vários são os motivos que fazem a mudança necessária: pode ser porque a casa ficou grande demais, ou foi comprada por uma construtora, ou os filhos querem ficar mais próximos, ou porque é mais seguro morar em um apartamento.....

É justamente esta sensação de perdas (em vários aspectos), causada pela modificação do entorno ou de uma mudança de endereço, que preocupa os profissionais que trabalham com os mais velhos. Isso porque as pessoas deixam de ter motivação para desenvolver as atividades cotidianas, vão se sentindo cada vez mais solitárias e não se esforçam para criar novos laços afetivos. Este conjunto de fatores leva muitas à solidão e consequentemente a depressão, um dos maiores males da terceira idade.

Por isso recomendo que, se você tiver necessidade de mudar de endereço, o ideal é procurar por outro que seja o mais próximo possível daquele onde passou os últimos anos. Se for necessário mudar para um lugar realmente diferente, procure um que você já conheça, com o qual possua afinidade, e melhor ainda se escolher um em que já possui laços afetivos com os demais moradores e/ou com a região.

Por outro lado, pondere..... por mais que o bairro esteja mudando; com o surgimento de centros comerciais, prédios e academias, por exemplo, o ideal é que você não pense em deixá-lo, pois é mais fácil se adaptar às modificações que ocorrem no decorrer dos anos do que recomeçar toda uma rotina em um lugar novo. Sempre sobram vizinhos, comerciantes e colegas de bairro. É um lugar onde você circula tranquilamente, conhece as ruas, sabe onde encontrar o que precisa, sabe qual transporte público atende a região e tantas outras "coisinhas" que te deixam tranquilo e seguro.

Não mude se não precisar, mas se mudar procure ficar perto de onde sempre esteve.....

Boa noite!!

Se você tem dúvida sobre o tema ou alguma história para contar, faça via comentário ou  mesmo por e-mail:

24 de maio de 2011

Encarar e rir ou fazer que não percebeu??

É engraçado como a sociedade cria valores que moldam nossa forma de ser e de encarar certas situações.

No passar dos anos passamos a lembrar que o nosso corpo é composto por partes.... que, aos poucos, parecem se tornar independentes. Que ironia, durante anos imaginávamos ser uma "peça única" completa e perfeita!

De forma divertida e até em tom de brincadeira as pessoas falam,: "meu braço está ficando curto!" Isso vai se tornando corriqueiro na vida das pessoas a medida em que ler, algo com letras pequenas, se transforma em uma tarefa cada vez mais "embaçada". A partir dos 40 anos é quase regra que as pessoas passem a precisar de óculos para leitura. É impressionante como a grande maioria nãããoooo tem vergonha de usar os óculos pendurado no pescoço. A naturalidade em relação aos óculos é tão grande que alguns chegam a pedir o do amigo emprestado....por um instantinho! Felizardos são aqueles que ocupam o grupo da exceção!!

Até uma determinada fase da vida nos lembramos que temos pernas por conta dos olhares que ela atraem: seja pela definição muscular ou por serem perfeitamente torneadas... Mas, os anos vão passando e a consciência de que temos perna passa a acontecer por causa daquela dorzinha, cansaço, variz, inchaço...... ! "Ái", e tem o tal de joelho no meio da perna e ele não suporta mais ser dobrado por muito tempo. E andar então? Não custa ter mais cuidado, pois parece que os buracos aparecem na nossa frente como pipoca e por vezes a calçada parece ser feita de espuma, as quedas então parecem mais factíveis.... A escada de abrir com 7 degraus é lentamente substituída por uma de 3, aquela que tem os 2 primeiros dobráveis e esta, por sua vez substituída por um filho, neto, empregada, amigo ou vizinho!!!

Quando percebem que a firmeza não é mais a mesma algumas pessoas adotam uma bengala, um acessório que já teve sua época áurea, mas que nunca perdeu seu charme! É como um foulard bem usado, o qual é capaz, até hoje, de chamar a atenção das mulheres e "causar inveja" (saudável) nos homens. Ah! Já vemos muitas pessoas usando versões modernas de bengalas, agora chamadas de stiks. Estes são vendidos em lojas de esporte de aventura, pois são equipamentos essenciais para pessoas que fazem caminhadas.

A flexibilidade e força muscular também não podem ficar de fora desta "segmentação corporal", pois não tarda a percepção de que elas também foram afetadas. Isso ocorre quando nos damos conta de que os objetos do dia a dia estão migrando para os armários mais baixos enquanto o jogo de chá e as baixelas vão subindo, aos poucos, até ficarem quase inacessíveis, lá no alto!

E a boca nesta história? Hoje as pessoas comentam, sem problema algum, que fizeram um implante dentário, que foi um procedimento tranquilo e, tem até aqueles que parecem ter orgulho em contar o feito! Ótimo, pois isso demonstra cuidado pessoal tanto da saúde quanto da aparência. Mas..........isso foi uma mudança maravilhosa nos conceitos!!!!  Pense bem, há poucos anos, a mesma perda de dentes era sinônimo de ponte ou dentadura.....Me diga, você lembra de alguém falando tão aberta e tranquilamente que havia ido ao dentista para provar a dentadura nova? Ou que estava levando o copo d'água para o quarto para deixar a dentadura durante a noite? É as coisas mudaram muito!!!!

E para a memória então? As pessoas dizem: "estou ficando esquecido!" admitem de forma natural e chegam a adotar táticas para auxiliar no dia-a-dia, criando, para isso, mecanismos, truques e que tais dos mais diferentes, quando não inusitados e engraçados. A chave do carro dentro da geladeira, será que você já ouviu falar disso? Que maravilha encarar estas situações com bom humor e aprender a lidar com elas. Então surgem os exercícios para melhorar a memória: jogar paciência no computador, fazer palavras cruzadas, tricô ou ponto cruz. Mudar o percurso da caminhada diária também ajuda!

Outras dificuldades vão aparecendo no decorrer dos anos e a maioria é vista como algo normal e as pessoas, via de regra, não possuem nenhum problema em admití-las..... passando até a falar naturalmente que é o mais novo integrante do grupo que "não consegue mais"....

É turma!! É o monóculo de alguns poucos virou um óculos pendurado no pescoço de todos, a bengala virou stik de alta tecnologia,  a dentadura e a ponte viraram implantes, exercício para a memória agora é usar a internet!!  Que maravilha, a evolução tecnológica transformando tabús em atitudes corriqueiras!!!

Agora a grande questão.....

As pessoas admitem ter redução na capacidade de ler letras pequenas, que as pernas não suportam mais tanto esforço, que as mãos não estão tão firmes que um dente foi perdido e que a memória falha vez por outra...... por que as mesmas pessoas relutam tanto em admitir que estão perdendo a audição???????????? Se os óculos são usados de forma tão natural para melhorar a visão, porque um aparelho auditivo, para melhorar a audição, é cercado de tanto preconceito? 

Hoje, seguindo a regra da evolução tecnológica os aparelhos auditivos são digitais, tão pequenos que se tornam imperceptíveis e com alta tecnologia no controle do som. Lembra? Isso também aconteceu com as lentes de óculos, implantes dentários e stiks, entre outros.

A medida em que a audição diminui, não tem tamanho de braço que resolva, a primeira  adaptação natural é a leitura labial. No começo tudo bem, pois a pessoa escuta um tanto e consegue entender o resto, observando o movimento dos lábios do seu interlocutor. Acontece que a perda contínua da audição dificulta este tipo de adaptação natural.

Por acaso você sabia que, na maioria dos casos, as pessoas deixam de escutar primeiro as consoantes? Imagine então o esforço que se faz pra tentar adivinhar quais foram ditas e assim adivinhar as palavras contidas na conversa..... (até parece jogo da forca), isso sim é exercício mental .Pena que é aliado ao stress emocional !!! E isso "não vale"....

Imagine escutar a seguinte frase "i_ a_ i_ e    u_ a    _ _a_ e    _i_a   a_ _i_?"  Entendeu? Vamos colocar as consoantes e ela se transforma em: "Imagine uma frase dita assim?" Agora, pare e pense...... em quantas atividades do seu dia a dia, escutar (e compreender) o que é dito e o que ocorre no seu entorno é fundamental? Atravessar uma rua, participar de eventos sociais, dirigir, ir ao banco e ao supermercado. Imagine a consequência de não entender corretamente a orientação que um médico lhe passa?

Vamos analisar...... quem tem prazer em conversar com uma pessoa para quem se pergunta uma coisa e a resposta não tem "lé com lé"? Por outro lado quem tem prazer em ir a um jantar onde não é possível participar da conversa porque não a compreende corretamente?

Já sei!!  Você está pensando se já perdeu um pouco da audição, não é? Quer fazer um teste? Enquanto estiver conversando com uma pessoa amiga, peça a ela que continue falando, no mesmo tom, e vire de costas. Se a conversa continuar fluindo naturalmente fique tranquilo mas...... se você perceber que não foi possível compreender tão bem o que seu amigo falou, não perca tempo, procure um médico!!!!

A perda da audição é um dos maiores fatores de isolamento social, o qual pode ocorrer de duas formas.
A primeira é o afastamento daquele que percebe que não consegue mais ser participativo socialmente, acompanhar uma conversa em uma "rodinha" ou na mesa de jantar com a família, que o volume da televisão que as pessoas estão assistindo está muito baixo.

Por outro lado aqueles que cercam uma pessoa que não esta escutando bem, não conseguem entender porque falam de um assunto e a opinião manifestada é sobre outro, ou porque ao perguntar algo a resposta não tem sentido.  Tentando preservar a participação daquele que não escuta bem, os mais íntimos começam a falar mais alto e de frente. Acontece que não é em qualquer lugar que se pode falar alto e nem sempre é possível estar de frente.  

Nos piores casos aquele que perde parte da audição passa a ser rotulado, não é mais procurado para participar de encontros, jantares e demais situações sociais ou tão ruim quanto isso é quando ele quem passa a recusar os convites se isolando cada vez mais. Lembre que a solidão é uma porta aberta para a depressão!!!!

Uma boa noite, e vamos continuar nos equipando para compensar nossas perdas......

Se você quer saber mais sobre este assunto manifeste seu interesse via comentário ou mesmo por e-mail: idoso-e-cotidiano@gmail.com

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