Pesquisas de mercado indicam o crescimento na frequência de idosos também nos supermercados, fazendo desta tarefa mais uma dentro da rotina das pessoas mais velhas. Sou da opinião que os administradores deveriam estar mais atentos às dificuldades enfrentadas por estes consumidores no momento da compra, visando facilitar, agradar e fidelizar esta fatia de mercado que, diga-se de passagem, está cada vez mais exigente e atenta ao atendimento recebido.
Aparentemente uma atividade simples ela pode conter algumas armadilhas ou incômodos para as pessoas mais velhas. Vou falar aqui especificamente de duas situações, dentre tantas que presenciamos diariamente.
Ler rótulos é uma batalha, aquelas letras minúsculas, muitas vezes impressas com cores pouco contrastantes (preto sobre azul escuro, por exemplo) ou pior ainda, quando a impressão é de baixa qualidade somos "presenteados" com letras borradas.... que tortura!!
Já que a indústria não demonstra o devido respeito, perpetuando este problema, cabe ao supermercado encontrar soluções, a fim de proporcionar mais facilidade ao consumidor. Por exemplo, poderia ser afixado, na prateleira, um panfleto com o rótulo ampliado, disponibilizando as informações de forma legível. Simples, não é? Aliás, o supermercado pode se juntar à indústria em busca das soluções, não precisa arcar sozinho com o problema causado por elas. Eu poderia listar aqui uma séria de sugestões, ou seja, basta querer que é possível resolver ou minimizar o problema.
Além do rótulo tenho presenciado outro problema pouco comentado, a distribuição dos produtos nas prateleiras.....
Inevitavelmente, no decorrer da vida vamos perdendo flexibilidade, força muscular e em alguns casos o equilíbrio - falarei especificamente destes temas em outra oportunidade. Sabendo disso é possível entender que apanhar produtos em prateleiras altas ou mesmo aqueles que estão à 30 centímetros do chão pode não ser uma tarefa fácil para as pessoas mais velhas.
Uma situação quase que inadmissível é a colocação de produtos de limpeza - principalmente aqueles que podem vazar da sua embalagem - em locais altos, geralmente acima da altura da cabeça das pessoas. Não é necessário parar para pensar no risco que se corre ao apanhar tais produtos, principalmente para as pessoas que não usam óculos, pois os olhos ficam ali, expostos, esperando que algo caia sobre eles..... e neste caso, um produto químico. Ai !!
Por isso, coloco aqui a minha principal sugestão: não exija do seu corpo mais do que ele pode fazer confortavelmente. Não se estique de mais para apanhar produtos em prateleiras altas e da mesma forma não se curve muito para apanhar aqueles que eles estão em prateleiras mais baixas. Não corra riscos desnecessários, olhe para o lado e procure um funcionário e peça para ele apanhar o produto para você ou peça para outro cliente, com certeza ele o fará.
Quem sabe, se ao perceber que os funcionários estão cada vez mais sendo requisitados para esta atividade, o administrador se dê conta de que este é um problema a ser resolvido.
Percebo que ainda há muita resistência das pessoas mais velhas quando o assunto é pedir ajuda em tarefas aparentemente simples. Muitos pensam que isso demonstra uma fraqueza, incapacidade ou mesmo depreciação própria. É necessário que "pedir ajuda" se torne uma atitude natural. Acredito inclusive que, o idoso, ao pedir ajuda, está participando ativamente da conscientização dos mais novos a respeito das limitações que a idade traz. Que isso facilita a compreensão do porquê de uma fila preferencial para os idosos, de um atendimento diferenciado e prioritário. Eu diria que é a educação na prática, pela vivência, proporcionada pelo convívio, mesmo que por segundos, entre os mais novos e os mais velhos.
A demonstração explicita das novas necessidades impostas pelo envelhecimento é uma das melhores formas para educar os mais novos, proporcionando o contato real com o futuro, além do que, quando estes envelhecerem, naturalmente pedirão ajuda, pois isso já fará parte da sua cultura.
Boas compras a todos.....
Se você vivencia alguma dificuldade no supermercado ou tem sugestões para compartilhar, nos conte via comentário ou mesmo por e-mail: idosoecotidiano@gmail.com
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